Todas as estratégias para adormecer um bebé

Digamos que o “normal” é um bocadinho mais agitado. Alerta: este não é um artigo politicamente correto. Aqui fala-se de bebés que dormem na cama dos pais, que passam a noite – toda – a ouvir música e que mamam até lhes apetecer. E sim, está tudo bem. “

Repita comigo. Dormir uma noite inteira em linguagem de bebé é dormir cinco ou seis horas seguidas – o resto é um bónus a que só alguns (poucos, muito poucos) têm direito. Os pequenos seres acordam a meio da noite, várias vezes, todas as noites, em alguns casos durante anos. Ainda que deva ser incrível – em 17 meses, nunca me aconteceu –, raro é que consigam dormir 12 horas seguidas. Também não costumam acontecer-me coisas que várias pessoas descrevem como fazendo parte da sua vida normal. Por exemplo, ele adormecer ao meu colo sem eu dar conta, tirando aquele dia em que tomei um anti-histamínico pouco antes da hora da sesta e a criança ferrou a meio de um piquenique com amigos (já o voltei a tomar várias vezes – sim, eu tenho mesmo alergias – e o efeito nunca se repetiu); ou a andar de carro na cidade a 50 km/h, hábito que alguns pais adotam para adormecer crianças um bocadinho mais difíceis (depressa a coisa corre melhor, ainda que isso já me tenha valido um “depois dizes tu à polícia que íamos a esta velocidade porque temos um bebé que só adormece a 160 km/h”); também nunca o deitei no berço e assisti ao milagre que já vi descrito da seguinte forma: “Ponho-a na cama, ela vira-se para o lado e adormece em segundos.”

Aos cinco meses e meio, o sono do Francisco passou a ser um problema. Ou, então, era eu que via um problema onde na verdade estava tudo bem e o resto são mitos urbanos. Mas já lá vamos. Primeiro, uma novidade fresquinha. Aos 16 meses inscrevi a criança num estudo científico que nos pôs a dormir com uma música um bocadinho AC/DC demais para a noite da generalidade das pessoas.

A coisa até parece simples: é suposto a criança adormecer com a melodia e continuar a ouvi-la até acordar. Primeira dúvida: a faixa de 9 minutos e 26 segundos tem mesmo de ficar a tocar a noite toda em repeat? Sim, tem. E se a criança dormir no quarto ou na cama dos pais, a banda sonora também é para eles? Pois que sim. Vai seguramente encarar o estudo Melodia Olívia como um mal menor se tem um bebé que chega a acordar de hora a hora – como o meu.

A estreia não foi propriamente um passeio no parque. A criança já tinha acabado a sua rotina habitual: banho, jantar, história da ovelha que não queria dormir, e que ao fim de metade do livro convence a maioria das crianças – mas não a minha – a fechar os olhos, lida. E estava, como sempre, a mamar (sim, tem 17 meses e ainda mama, também já lá iremos), só que desta vez ao som de batimentos cardíacos, respirações e mais uns quantos tons não identificáveis, pelo menos por pais com sono. Eis senão quando decidiu que era muito mais giro sentar-se em cima de mim e começar a pular repetidamente. E, depois, que era ainda mais giro usar-me para deslizar para fora da cama do único lado em que é possível fazê-lo – porque do outro está a cama de grades onde nunca o convencemos a ficar muito tempo. Seguiu-se um adeus em linguagem de bebé Francisco – “tau, tau.” A segunda tentativa acabou mais ou menos da mesma maneira, só que em vez de “tau, tau” saiu-lhe um “já tá”, acompanhado de palmas de satisfação consigo próprio e de uma pancada firme na porta do quarto, ao estilo: ou me deixas sair já daqui ou armo um berreiro. E foi assim que, 45 minutos depois de termos entrado no quarto, lá saímos os dois para brincar mais meia hora.

E não, não tentei deitá-lo às 20h, já eram 21h30 e a criança acabou por adormecer por volta das 23h, hora que até a nossa incrivelmente descomplicada pediatra acha demasiado tarde para um ser, enfim, bebé. A boa notícia é que até às 6h da manhã, se ele acordou, não dei por isso. A segunda noite foi mais ou menos igual. E apesar da dificuldade em pôr a criança a dormir com a música nova (ou sem ela), parece que pelo menos no que diz respeito a menos acordares estamos alinhados com os outros participantes. “Há alguns casos em que a música também ajuda a adormecer, mas grande parte dos pais o que refere é que os bebés têm menos despertares”, explica Clementina Almeida, a psicóloga clínica responsável pela música desenvolvida durante um ano por quatro pessoas e que muitas mais já estão a ouvir: “Quando lançámos a hipótese do estudo [há cerca de dois meses] choveram pedidos, alguns quase desesperados. Neste momento temos uma amostra de mais de 400 pessoas.” Nem todos adormecem com a mesma canção: “Temos uma música com quatro versões – há uma em que o batimento cardíaco é mais audível, por exemplo. A ideia é perceber qual delas funciona melhor.” E quantas músicas deitaram fora? “Dezenas, à vontade. Fora as que descartámos já em estúdio, porque depois de gravar não ficaram com o som que queríamos.” Bom, mas agora que já sabemos como nasceu a música que pôs o Francisco a dormir melhor, qual é o truque? “A música, no fundo, acaba por afastar alguns dos sons que estão à volta e, como é repetitiva, permite que o cérebro não tenha assim nada tão interessante para pensar que o faça despertar. Obviamente, se o bebé tiver necessidade de comer ou de colo acorda na mesma.”

As primeiras crises

Durante os primeiros meses, o pequeno Francisco só queria dormir alapado a alguém, de preferência a mim – colocado, ao colo, ou literalmente em cima aqui da mãe, qualquer das hipóteses lhe parecia bem desde que devidamente acompanhado. Mal o tentava largar para executar tarefas tão interessantes como estender a roupa ou tratar do jantar, abria os seus olhões gigantes – e nada feito. Também parecia gostar particularmente de microssestas. “Só dormiu 22 minutos, achas normal?” é uma das dezenas de mensagens sobre sono que guardo no telemóvel. Não era suposto os pequenos seres dormirem umas 16 horas por dia algures até aos 4 meses – pelo menos? E sestas de duas e três horas que dariam para fazer, se não imensa, pelo menos alguma coisa? Ninguém me tinha falado em microssestas de meia hora que se transformam rapidamente em 5 minutos porque eles demoram 20 a estar a dormir a sério – e nós outros cinco de levanta-não-levanta com medo que não tenham ferrado.

Resumindo: na consulta do primeiro mês com a pediatra lá dissemos, a medo: “Sei que isto não deve ser nada bom, mas ele dorme connosco.” E em vez do esperado raspanete, saiu-nos um: “Isso é a melhor coisa que lhe pode acontecer.” Como assim? Então e o risco de o esmagarmos e sufocarmos? Bem, vamos por partes, sugere a pediatra Graça Gonçalves: “Nos primeiros três meses de vida, o bebé precisa de um contacto quase permanente com o corpo da mãe.” Tradução: se o conseguir largar no berço aproveite, está cheio de sorte, se não conseguir não é um alien, ok? “Eles vêm programados milenarmente, onde é que já se viu um homo sapiens largar o seu bebé a uns metros de distância porque tem de dormir sozinho? Todos os mamíferos dormem com as mães, coladinhos, corpinho com corpinho”, acrescenta Clementina. Até porque, há uns milhões de anos, se não o fizessem, era a sua sobrevivência que estava em risco, acrescenta Graça Gonçalves. E apesar de não haver predadores à solta nos apartamentos, os nossos genes ainda não se adaptaram a uma sociedade com 100 ou 200 anos.

Mas se calhar o melhor é falarmos um pouco de história, desafia a nossa pediatra, em jeito de explicação para o pânico generalizado causado pela ideia de partilhar a cama com quatro quilos de gente. “A dada altura os americanos perceberam que havia uma série de casos de morte de bebés durante a noite. Fizeram uns estudos muito mal feitos e concluíram que os bebés não devem dormir com os pais por causa da síndrome de morte súbita e do risco de sufocamento.” E muito mal feitos porquê? “Não separaram os casos de pais que tinham problemas de droga, álcool e que fumavam [ver caixa fatores de risco]. Também não estudaram se os bebés eram amamentados e chegaram a contabilizar mortes que tinham acontecido no berço desde que, naquela noite, a criança tivesse passado algum tempo na cama dos pais.”

Foi assim, lembram Graça e Clementina, que começaram a aparecer cartazes com bebés na cama dos pais e facas ao lado – era a mesma coisa, sugeriam – ou camas de adulto que tinham sido “a última morada” dos bebés. “Não conheço nenhum estudo que diga que o bedsharing é perigoso”, acrescenta o neuropsicólogo Álvaro Bilbao, autor do livro Todos para a Cama. E até se está a tentar perceber o contrário, acrescenta Clementina Almeida. “Na sociedade japonesa há um registo muito baixo de síndrome de morte súbita e, neste momento, acredita-se que é porque os bebés dormem em regime de co-sleeping.”

O método é tão comum que a luso-americana Ana Cardoso de Menezes Pekarovic lançou, em dezembro de 2017, uma coleção de camas que podem ter mais de três metros e meio de largura e abrigar toda uma família. “A maior parte dos nossos clientes são famílias com crianças e também clientes com um ou mais cães”, responde a empresa The Ace Collection por email. O campeão de vendas? Uma cama com 2,74 metros de largura, quase o dobro da minha. “Ainda não vendemos nenhuma para clientes portugueses, mas podemos fazê-lo, temos transporte para Portugal. Além disso, temos estado a trabalhar com um fornecedor português: a nossa próxima coleção vai incluir lençóis e capas de edredão de algodão feitos em Portugal.”

Acordar de hora a hora

Quando o meu filho nasceu, preparei-me para seis meses em que dormir seria quase como encontrar água no deserto. Depois disso, o mais normal, pensava eu, era que ele passasse a dormir uma noite inteira ou, vá, quase. Foi assim comigo. Tão bom, tão bom, que a minha mãe chegou a telefonar à pediatra a perguntar se não era melhor acordar a criança que já estava a dormir há 12 horas seguidas sem o mínimo sinal de querer abrir o olho. Resumindo: seria tudo a melhorar. Álvaro Bilbao solta uma enorme gargalhada quando lhe digo isto. E, claro, não foi nada assim. “Esta ideia de que é expectável que todos os bebés durmam 12 horas seguidas a partir dos seis meses não se encontra em lado nenhum”, esclarece Constança Cordeiro Ferreira, terapeuta de bebés com mais de 4 mil casos vistos. “Um período de cinco, seis horas de sono ininterrupto, ou de cerca de oito horas com alguns despertares, é o mais frequente em crianças entre os seis e os 12 meses”, escreve no livro Os Bebés Também Querem Dormir. Acordar de duas em duas horas é igualmente normal – os pequenos seres têm ciclos de sono mais curtos; tal como quererem mamar (e não quererem mais nada) sempre que acordam. Foi por isso que decidi engavetar as chuchas e dar-lhe tempo, mais precisamente, um mês e meio de tempo.

A noite inteira a mamar

Quando o Francisco tinha sete meses, a nossa pediatra recebeu um SMS demasiado longo para partilhar aqui. Resumo: a criança continuava a acordar (ou a acordar-me a mim, porque na maior parte das vezes ele choramingava de olhos fechados) muitas vezes por noite, às vezes de hora e meia em hora e meia, e queria s-e-m-p-r-e mamar (não há fralda que aguente, garanto-vos, o melhor é usarem um tamanho acima e colocarem duas em vez de uma). Não tinha sido sempre assim: até entrar no período negro do sono, dormia cinco e seis horas seguidas, com três registos de umas épicas sete horas. A resposta foi tranquilizadora: “Esse esquema também é normal, ainda que custe muito. A ele não o perturba, fique tranquila.”

Nessa altura Álvaro Bilbao ainda não tinha escrito o seu livro novo e, por isso mesmo, eu não podia ter descoberto a descrição quase perfeita do Francisco, algures na página 38. “Nem todas as crianças mamam a dormir, mas é muito frequente que o façam”, dizia, garantindo que podiam mamar com o cérebro em modo sono. E não valia a pena parar o cronómetro sempre que isto acontecia: lá na sua vida de bebés, eles continuavam a dormir. O problema também não era a mama, garantem os especialistas. “Já viu algum adulto adormecer a mamar?”, pergunta Clementina. “Não é prejudicial, de maneira nenhuma, libertam, inclusive, substâncias, tanto para a mãe como para o bebé, que ajudam a acalmar. E não é nenhum vício, nem lhes vai provocar nenhuma associação negativa, faz parte da nossa condição de mamíferos.” Então e qual é o limite de idade aceitável para seres com dentes continuarem a mamar?, pergunta aqui a mãe que por ela já trocava as maminhas de fora por um belo copo-de-vinho-à-hora-que-lhe-apetecesse. “Quando nós respeitamos, o próprio larga, porque cria autonomia e deixa de precisar dessa fonte de segurança externa. Os bebés são todos dependentes e devem sê-lo. Só mais tarde devem ser independentes, mas é se lhes foi permitido serem dependentes quando precisam.”

E parece que também não é tudo mau nestes acordares sucessivos. Pelo menos para eles. “O sono REM [mais leve e vulnerável a acordares] é aquele em que consolidamos as memórias e aprendizagens do dia. Portanto, havendo mais despertares, há mais períodos de sono REM. E o que os estudos nos dizem é que é sinal de que estão a consolidar muita informação, o que prediz um nível intelectual superior”, explica Clementina. Ainda que eu prefira este, há outros motivos para os pequenos seres parecerem despertadores descontrolados. Por exemplo, se estiverem a aprender a gatinhar, a sentar-se, a andar, e a lista continua quase indefinidamente – no primeiro ano pode haver picos de desenvolvimento a cada três semanas e em todos corre o risco de perder umas horas de sono. Como com o tau-tau e o já-tá com que começo o artigo. “Está mais autónomo, até já faz pequenas frases. Pode ser isso”, explica Clementina. Outro motivo? A necessidade de estar mais tempo com os pais também está sempre acima da necessidade fisiológica de dormir.

Piores casos de sono? “Aquela ideia de que os bebés têm de aprender a dormir no escuro, mas também à luz do dia”, exemplifica Clementina. Escolha o escuro, ok? É por causa dele (mais precisamente devido à sua ausência) que um bebé de Ushuaia, a região mais austral da Patagónia argentina, dorme menos horas em dezembro do que um bebé português: o Sol nasce antes das 5 da manhã e desaparece já perto das 22h. Depois há os bebés que adormecem na cama dos pais enquanto eles veem televisão (big mistake, ok? Sim, mesmo que esteja sem som).

Em 90% dos casos que lhe chegam, Constança não trabalha só a questão do sono – problema que já resolveu mandando vir avós dos Açores ou colocando três colchões no chão da sala. Exemplo: o bebé de cinco meses que, sem ninguém perceber porquê, passou a dormir mal. “O pai foi trabalhar para outro país e isso não tinha sido tido em conta pelos dois especialistas a que já tinha ido”, conta.

A consulta de sono do pequeno

O Francisco tinha quase nove meses quando entrámos no gabinete de Constança. Nessa altura, dormia quase todas as sestas do dia na mochila. Primeiro problema: era quase impossível adormecê-lo de outra maneira. Segundo problema: continuava a acordar como se fosse dia a noite toda. Saímos de lá com uma lista de afazeres: pelo menos à noite e na sesta principal era preciso pô-lo na cama (e não na mochila, para que se pudesse mexer à vontade), devíamos fazê-lo mais cedo e acrescentar um fator de relaxamento – a mama já não era suficiente para acalmar a fera. Mais: era suposto eu esquecer-me de tudo o que raio houvesse para fazer lá em casa e ficar na cama com ele durante a sesta. Dormem muito melhor, garantia-me Constança, até porque se perceberem que sesta é igual a separação, podem recusar dormir. Novo truque para adormecer a criança: um repetitivo e aborrecido mantra, que devia ser posto a tocar depois de uma música que a criança reconhecesse como sendo a melodia para desligar.

Nessa altura já eu cantava o Eight Days a Week, dos Beatles, várias vezes seguidas, sobretudo desde que foi preciso acalmar uma primeira birra na autoestrada e não me lembrei de nenhuma música infantil que conseguisse trautear durante mais de 20 segundos. Pequeno parênteses: também já tinha desenvolvido o muito útil desporto de atirar tudo o que tivesse à mão para o banco de trás, geralmente aproveitando paragens em semáforos. O método é simples: arranje um saco e enfie lá todos os brinquedos e substitutos de brinquedos que encontrar. Quando a criança começar a reclamar dê-lhe uma coisa – só uma – e outra assim que ele atirar a primeira para longe do alcance das suas minimãos. Se o stock acabar, pegue no que encontrar e continue.

Não que ele tenha passado a dormir mais horas seguidas, mas a verdade é que passou a adormecer muito mais depressa, mais cedo, e a dormir sestas de uma hora e meia (agora já chega às três). Tivesse eu decidido render-me às evidências antes e além da Autobiografia, de Maria Filomena Mónica, também teria posto muitas outras leituras em dia durante as sestas da criança. Já os meus pais nunca conseguiram adormecê-lo na cama. Depois de dois meses sem o tirar da mochila com medo que acordasse, a minha mãe lá começou a aperfeiçoar a técnica de o colocar na cama – sempre depois de o adormecer. Foi bom enquanto durou, porque agora já ninguém o põe na mochila para dormir sem um berreiro e passou a adormecer no carrinho, a caminho de um jardim adequado. Que é como quem diz, sem galos. “No campo só cantam de manhã, mas aqui no Campo de Santana é o dia todo e ele acorda”, escreveu-me um dia a minha mãe.

Lá em casa, acrescentámos Olívia, a ovelha que não queria dormir, à rotina (a rotina, como também é repetitiva, ajuda o cérebro a adormecer mais depressa). É um livro cheio de truques: a dada altura tem de bocejar (para ver se a criança é contagiada, como diz a ciência, e o imita), pô-lo a cheirar o livro (com um relaxante aroma a alfazema), pressionar o espaço entre as sobrancelhas, e por aí fora. Nunca adormeceu a meio, nem sequer no fim. Parece que também não é inédito, explica Clementina. “Se estiverem a desenvolver muitas capacidades, o livro até pode despertar. Fiz algumas experiências em infantários e, nalguns casos, a única que resultou foi uma leitura só áudio. Ficavam muito excitados com as imagens.” Então e quando é que podemos esperar que durmam como adultos? Parece que a partir dos dois, três anos a coisa melhora, e que a partir dos seis, quando o desenvolvimento cerebral está completo, a maioria passa a dormir bem. Eles e nós, portanto.

Fonte: sabado.pt

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