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O tesão é forte, mas a ereção não: pênis mole é realidade e é melhor encarar

Nervosismo, ansiedade e baixa autoestima podem gerar uma resposta física no corpo masculino, o que faz o tal membro não corresponder na hora H

Dias de conversa no aplicativo. Papo ótimo, cheio de interesses em comum. O encontro também foi uma delícia: jantar, cervejinha, os dois se entendendo muito bem. No fim da noite, um beijo. E depois outro, e outro, até que o clima começa a esquentar e a garota convida o cara para ir pra casa. Os dois parecem cheios de tesão. No quarto, mais amassos, tiram as roupas e… Ele não dá conta de ter uma ereção.

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O nervosismo e o medo geram uma resposta física no homem que faz o membro não levantar (Foto: Giphy)

Isso aconteceu com a fisioterapeuta, L.S., 34 anos – que preferiu não se identificar para o tal boy não ficar chateado – mas poderia ter acontecido com quase qualquer mulher. No caso dela, o membro que não levantou acabou determinando o fim da noite. O homem ficou envergonhado, o clima ficou gelado e o dito cujo foi logo embora. Como manda o figurino, L.S. ficou pensando no que tinha feito de errado. Mas a verdade é que ela não fez nada. Já ele, não tinha motivo para sentir constrangimento. Homens podem não ter ereção, isso é fato – e está dentro da normalidade.

Por que eles não têm ereção?

Para os falos que se negam a endurecer ou amolecem antes que os corpos estejam desnudos, o urologista Flávio Trigo, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo, explica: “existem duas possibilidades”. Ou estamos diante de “um problema fisiológico de saúde ou de um mero fator emocional”. Spoiler: para os dois casos, há solução.

Antes de dizer quais são elas, é importante entender como de fato funciona a ereção. O pênis conta com duas estruturas, que ficam “vazias” quando está amolecido. Quando o homem recebe estímulos excitantes, seu cérebro produz uma substância, o óxido nítrico, que aumenta a circulação sanguínea no pênis. Então essas estruturas são preenchidas pelo sangue e crescem, deixando o pênis maior e mais duro. Muito excitado, em outras palavras.

“O pênis é feito de vasos sanguíneos, é parte do sistema circulatório de um organismo. Então, qualquer problema nesses vasos e pronto, pode afetar o desempenho da região. Levando inclusive à impotência sexual”, diz Flávio. A impotência é um problema de saúde e doenças como diabetes e colesterol alto podem estar por trás dela. Em casos assim, recuperar a paudurecência incluiu tratamento médico específico. Homem, procure um urologista se o quadro se aplica a você.

Já quando a dificuldade de ereção é algo eventual, o que pode estar por trás é a sua cabeça e o que se passa, ou não, por ela. É que vários estados emocionais, como estresse e ansiedade, estimulam a produção de adrenalina, que inibe a ação do óxido nítrico, impedindo o aumento do fluxo sanguíneo no pênis. Basicamente, o nervosismo, o medo, a baixa autoestima (etc, etc.) geram uma resposta física no homem, o que faz o membro não levantar.

Masculinidade frágil

O bacharel em direito Rony Peterson, 34, já viveu tal situação na pele. “Acontecia muito quando se tratava de ter relação com a parceira que envolvia sentimento, não só atração. Tinha medo de não agradar, o que me deixava tenso e muito preocupado. Até tinha ereção, mas ela ia embora muito rápido”, conta ele.

Já para o comunicador M.M., 26, o pau fica mole quando encara novas experiências. “Acredito que seja um misto de nervosismo com receio e insegurança”, diz.

Esse medo de não agradar e a insegurança têm muito a ver com a construção da masculinidade, da figura do homem como alguém que não pode admitir falhas. “Existe uma auto cobrança masculina que pode levar a pensamentos ameaçadores, como o medo de falhar. Muitos acabam achando que precisam ter uma performance sexual fantástica”, explica a sexóloga e doutora em ciências pela USP, Margareth Reis.

“Existe uma auto cobrança masculina que pode levar a pensamentos ameaçadores, como o medo de falhar” – Margareth Reis

Para os entrevistados, a melhor forma de lidar com isso é que a outra pessoa não pressione e também não desista logo de cara, sendo compreensiva com a brochada. Mas não é simples assim, né?

É comum, por exemplo, que as mulheres se culpem pelo pênis que não levanta. Foi o que rolou com a professora N.S., 29. “Me senti a pior mulher do mundo, como se eu não fosse gostosa ou interessante o suficiente para ele ficar de pau duro”, lembra.

Há prazer além do falo

Mas não precisa ser assim. A educadora sexual Marcia Zuliani fala da questão não só como especialista, mas como alguém que encarou o pau mole de frente e fez dele uma fonte de prazer. “Eu morei junto com um homem que tinha dificuldade em manter uma ereção rígida e posso te dizer que eu tinha com ele um dos melhores sexos que já tive na vida. Aprendemos a fazer sexo de diversas maneiras sem ser falocentrado, onde quem comanda é o pênis ereto”.

Beijos, carícias, mãos, toque, sexo oral, tudo passou a ter mais valor na relação deles, através da exploração do corpo todo de forma sexual. Essa é a dica que Márcia dá para homens e mulheres lidarem com o pau mole: “O início do sexo é determinado pela penetração e o final dele, pela ejaculação. O que vem antes da penetração, chamamos de preliminares, mas isso é um imenso erro, porque todo o envolvimento entre o casal já é sexo em si. Isso traz para o homem uma pressão mental muito forte, onde a virilidade dele é medida por uma ereção. Quando o casal se compromete a se explorar, a criar um laço de intimidade sem pudores, essa situação normalmente é revertida, porque o homem se percebe capaz de satisfazer a mulher sem precisar penetrar”.

“O início do sexo é determinado pela penetração e o final dele, pela ejaculação. O que vem antes da penetração, chamamos de preliminares, mas isso é um imenso erro, porque todo o envolvimento entre o casal já é sexo em si” – Marcia Zuliani

No fim das contas, entender isso também ajuda o cara a diminuir a tensão em relação à sua ereção o que torna a brochada menos provável, veja só.

Mulheres bem resolvidas assustam?

L.S., lá do começo da reportagem, acha que seu date brochou porque ficou assustado com sua postura bem resolvida e relaxada em relação à sexualidade. “Eu queria transar, não fiz joguinhos e assumi uma postura direta. Acho que os caras não sabem lidar com isso”.

Será que, em pleno 2018, os homens ainda estão se assustando com mulheres que têm uma relação tranquila com sua sexualidade? Os homens entrevistados disseram que não. Já os especialistas acreditam que o empoderamento feminino pode sim afetar a sexualidade, tanto do homem, quanto da mulher, mas não é determinante. “A gente precisa lembrar que saiu de um modelo que funcionava com finalidade reprodutiva, que a mulher não se colocava e nem buscava o próprio prazer.

Então, tanto homens, quanto mulheres, estão tentando se encaixar satisfatoriamente nesse novo modelo. E isso depende da postura de cada um”, explica Margareth Reis. Inclusive, Marcia Zuliani lembra: em um modelo de comportamento sexual em que o prazer feminino importa tanto quanto o masculino, o pau, duro ou mole, não precisa ser o centro de tudo.

Fonte: Revista Marie Claire

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