” Com o fim do estado de emergência e na expetativa de voltar à rotina, saiba como se deve prevenir. “
O uso obrigatório de uma máscara facial protetora foi determinado em lugares fechados e a sua utilização como medida complementar para limitar a transmissão do SARS-CoV-2, o novo coronavírus, tem sido considerada de forma diferente pelos vários países e organizações internacionais.
Com o fim do estado de emergência e na expetativa de voltar à rotina do dia a dia — que inclui mãos em maçanetas, botões de elevadores, o uso de transporte público e estar num ambiente a poucos metros de distância dos outros — faz-nos começar a pensar que garantir uma máscara pessoal não é má ideia.
Máscara de partículas e máscaras sanitárias cirúrgicas enfrentam uma compreensível escassez, já que a produção está reservada aos profissionais da área médica. Até ao momento, existem quatro categorias de máscaras diferentes e destinadas a um público específico, a depender do grau de exposição ao vírus:
Respiradores ou máscara FFP
A mais eficaz e utilizada apenas por pessoal médico em hospitais, como determinado pela norma 007/2020 da Direção-Geral da Saúde, pois as máscaras Filtering Face Piece filtram até 94% das partículas do ar, protegendo o máximo possível os pacientes. Devido à pandemia, não estão disponíveis para venda ao público.
Máscara cirúrgica
Um modelo antiprojeção muito usado por equipas de saúde também, pois é m dispositivo que previne a transmissão de agentes infeciosos das pessoas que utilizam a máscara para as restantes. Ou seja, protege mais de dentro para fora, pois se alguém espirrar ou tossir, não protegerá efetivamente a pessoa que respira o ar potencialmente contaminado.
Máscara não-cirúrgica
A mais comum entre a população em geral, filtra entre 90% e 70% das partículas do ar. As máscaras comunitárias ou de uso social são dispositivos de diferentes materiais textéis, destinados à população geral, porém não certificados.
Máscara de tecido
Esse modelo é reutilizável e deve ser lavado ??a um mínimo de 60 graus. Não são aprovados pelas autoridades de saúde, que os consideram ineficazes. No entanto, representam apenas uma primeira barreira de segurança — caso não consiga comprar outra máscara — para se proteger e são complementares aos gestos recomendados pelas autoridades de saúde, nomeadamente lavar as mãos com sabão, tossir no cotovelo e/ou usar lenços descartáveis.
Na Europa, países como Reino Unido, Bélgica e até Itália, muito atingida pelo novo coronavírus, privilegiam as medidas de distanciamento social, etiqueta respiratória (tossir ou espirrar para braço com o cotovelo fletido, e nunca para as mãos, ou num lenço de papel que deva ser descartado imediatamente) e a higiene das mãos, não recomendando (para já) o uso generalizado de máscaras na comunidade.
Por outro lado, países como Espanha — principalmente na Catalunha — Alemanha e França sugeriram recentemente o uso de máscaras caseiras em locais com muitas pessoas. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde tem estado alinhada com as perspetivas europeias e as recomendações da Organização Mundial da Saúde. “Nesta fase da pandemia com transmissão comunitária ativa, com necessidade de reduzir a taxa de crescimento de casos (…) a DGS recomendou a utilização de máscaras cirúrgicas a todos os profissionais de saúde, pessoas com sintomas respiratórios e pessoas que entrem e circulem em instituições de saúde”, lê-se no comunicado da autoridade de saúde do governo português, emitido sobre o uso de máscaras na comunidade no mês de abril.
O mesmo documento reforça que “as pessoas mais vulneráveis, nomeadamente idosos (mais de 65 anos de idade), com doenças crónicas e estados de imunossupressão, devem usar máscaras cirúrgicas sempre que saiam de casa.”
Por se tratar de uma doença recente, os investigadores têm procurado soluções, mas um estudo publicado na Nature sugere que as máscaras podem prevenir a transmissão do vírus para o ambiente a partir de pessoas sintomáticas, assintomáticas ou pré-sintomáticas. Mas a eficácia do uso generalizado não está cientificamente provada.
Já se descobriu que um indivíduo infetado é transmissor do vírus desde dois dias antes do início dos sintomas e a carga viral é elevada na fase precoce da doença. Ou seja, mesmo quando ainda nem descobriu que está com o Covid-19 — quer venha a ficar assintomático ou não — pode já estár a transmiti-lo.
Portanto, mesmo com dúvidas, perante a emergência de uma doença nova e antes do surgimento de evidências científicas de maior rigor, é preciso aplicar o Princípio da Precaução em Saúde Pública, e de considerar o uso de máscaras por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados com muitos indivíduos.
Note que a utilização de máscaras deve ser feita com a colocação, uso e remoção certos, e que o seu uso não elimina, de forma alguma, as medidas fundamentais como o distanciamento social e a higiene das mãos.
Fonte: sabado.pt