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Três técnicas para dar um up no desejo sexual

Como o pompoarismo, a fisioterapia do assoalho pélvico e a terapia orgástica podem ajudar na redescoberta do prazer durante o climatério e na pós-menopausa.

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Pele arrepiada, pupilas dilatadas, coração acelerado. Ai, que calor! Para algumas mulheres, sentir tesão faz parte de um passado distante – e muitas vezes quase inexistente. De acordo com a Mosaico 2.0, pesquisa do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da USP, 32% do público feminino tem dificuldade em se interessar por sexo.

O levantamento ouviu 3 mil participantes de diversas regiões do Brasil com idade entre 18 e 70 anos e mostrou também que 55,6% delas penam para alcançar o orgasmo. As barreiras para “chegar lá” vão de incômodos físicos, como vaginismo (contração involuntária dos músculos ao redor da vagina que causa dor) a aspectos psicológicos e socioculturais. Numa sociedade machista onde historicamente mulher e sexo são associados a culpa, sentir prazer é quase revolucionário.

No caso das mulheres que estão no climatério ou já chegaram na menopausa, há ainda outros obstáculos nesse caminho para a excitação. A produção mais baixa de estrogênio, hormônio que regula a lubrificação vaginal, impacta diretamente na vontade de fazer sexo – afinal de contas, ninguém quer sentir dor.

Contam também as mudanças na vida, o desconhecimento sobre o próprio corpo e os desgastes e/ou fim dos relacionamentos. Conversar com um ginecologista e investigar os motivos da falta de libido é o primeiro passo para tratar a questão. E esse cuidado pode ser associado a outras práticas que privilegiam o autoconhecimento e um olhar para dentro de si. Conheça melhor três delas:

1. POMPOARISMO, A GINÁSTICA ÍNTIMA

Esqueça o clichê das mulheres que fazem malabarismos com bolinhas. O pompoarismo vai muito além disso: a técnica milenar nascida na Índia proporciona benefícios para saúde e melhora na sexualidade. “Por meio de exercícios focados nos três principais pontos da vagina e na região do quadril, a gente estabelece uma reconexão entre o cérebro e o corpo” explica a terapeuta sexual especializada em pompoarismo e proprietária do espaço Lu Pompoar, Lucimara Siqueira.

Ela conta que as aulas começam com o reconhecimento desse corpo: “peço para a aluna, por exemplo, olhar a vulva no espelho, para entender que aquilo faz parte dela. Também peço para fazer um movimento de fechar a entrada da vagina com a mão no períneo para sentir como é”. Depois de despertar a consciência é que começam os trabalhos de fortalecimento e resistência. A prática estimula a produção de dopamina, um neurotransmissor do prazer, aumenta a imunidade vaginal, combate infecções e a incontinência urinária.

Ou seja, é indicada para todas! Lucimara acredita que o pompoarismo é fundamental para as mulheres que estão no climatério ou já chegaram na menopausa, pois os exercícios aumentam o fluxo sanguíneo e resultam na melhora da lubrificação vaginal. “Digo que sempre tem um bônus: quem procura por uma questão de saúde, ganha no prazer. Quem vem para descobrir mais sobre a própria sexualidade, leva de brinde um tratamento de prevenção a várias doenças”.

2. PRAZER, ASSOALHO PÉLVICO

Para muitas mulheres, a anatomia feminina ainda é um mistério. E esse desconhecimento tem impacto direto na satisfação sexual. É por isso que a fisioterapeuta especializada em reabilitação do assoalho pélvico, Laura Della Negra afirma que seria revolucionário se na primeira consulta ginecológica o grupo de músculos que circunda o clitóris, a vagina e o ânus fosse apresentado a paciente. “O assoalho pélvico é como se fosse o chão da pelve.

É por causa dele que temos orgasmo. Quando levamos consciência para essa musculatura, fortalecendo e relaxando, bombeamos mais sangue para a região. Ela fica ativa, sensível e a lubrificação vaginal aumenta. A melhora no prazer é consequência. Os exercícios trabalham desde a respiração até contrações do ânus.

Laura conta que muitas pacientes acima dos 40 anos a procuram com uma queixa de incontinência urinária – que, lembrando, atinge mulheres de todas as idades – e durante o tratamento relatam que transar ficou muito mais gostoso. “Conectar o tema à saúde faz com que elas recebam melhor a ideia de fazer esse tipo de fisioterapia. E é como malhar o tríceps. Se não fortalece, enfraquece”.

3. O DESPERTAR DA TERAPIA ORGÁSTICA

Um espaço seguro para falar (com outra mulher) e refletir sobre a própria sexualidade. Na terapia orgástica, a proposta é estabelecer uma conexão profunda entre corpo e desejo. “Vivemos numa sociedade em que a sexualidade da mulher é boicotada desde cedo. Então, entender os próprios medos e desafios e aliar isso a um trabalho corporal é uma experiência de resgate da individualidade”, diz Mariana Stock, psicanalista e fundadora da Casa Prazerela.

Esse trabalho corporal inclui toques sutis, para relembrar do que o corpo é capaz de sentir, e massagem em toda a vulva, região clitoridiana e lábios. “O clitóris tem 4 entroncamentos nervosos. O objetivo da massagem é levar fluxo sanguíneo para lá, irrigar os canais sensoriais e mobilizar energia para o corpo todo. É só relaxar e sentir “, explica Mariana.

Ela deixa claro que a terapia não tem nada a ver com sexo – é uma viagem singular, um recurso nevrálgico para desbloquear uma série de questões e despertar a potência no corpo. Mariana conta ainda que a procura da terapia por mulheres acima dos 50 está aumentando: “Elas têm uma trajetória de mais tempo sob opressões. Nós respeitamos os limites não-ditos por elas. Outro dia uma paciente de 72 anos veio me agradecer, falou que navegou por mares que antes eram totalmente desconhecidos. É emocionante ouvir isso”.

Fonte: Revista Marie Claire

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